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OS EX-ALUNOS DA ESPCEX

DEPOIMENTOS
Aluno 369 José Marcos de
Almeida NEVES
(1972-1974)
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O PROCESSO SELETIVO

O concurso de admissão à EsPCEx era constituído de três etapas: o exame intelectual, a inspeção de saúde e o teste físico. Cabe aqui uma digressão. Quando recebi do professor Navega o caderno de instruções para o concurso, percebi que era de concurso de ano anterior, portanto desatualizado, embora, mais tarde, constatasse que apenas o calendário de eventos estava caduco. Tomei a iniciativa – atrevida para um adolescente da época – de escrever uma carta para o comandante da escola, solicitando as instruções em vigor para aquele ano. Em tom coloquial, como se o coronel fosse um colega de ginásio, levantei todas as minhas dúvidas. Para minha agradável surpresa. Recebi pelo correio o caderno de instruções e a resposta manuscrita do comandante. Uma informação me preocupou. Eu não possuía a acuidade visual prevista na inspeção de saúde, por conta de um alto grau de miopia. Quanto à parte intelectual, não vi motivos para preocupação, por ser aluno dedicado aos estudos, com notas muito acima da média. Papirei, meti o gagá, meti o c* – verbos que depois conheci como militar – todo o conteúdo previsto, de ponta a ponta, de “capa a contracapa” de cada fonte de consulta. Para o teste físico, garoto do interior, acostumado a uma vida um tanto quanto rústica ao ar livre, montei o preparo específico – “funcional”, diriam os calções pretos da turma – com os meios de que dispunha e que acreditava atender às condições do teste a realizar. Assim foi meu preparo físico, iniciado meses antes, desde a época da inscrição do concurso. O teste era constituído das seguintes provas, e para cada uma delas me preparei a meu modo: - subida na corda de cinco metros com o auxílio dos pés. Pendurei uma corda fina de sisal, de cerca de dez metros, numa árvore da chácara da família do hoje Gen Ex Pinto Silva. Desconhecia que a corda a ser usada no teste era bem mais grossa. Na verdade, a corda fina é mais difícil de tracionar, assim meu treino nessas condições acabou por ser vantajoso. - salto à distância de 3,5 metros. Era na calçada mesmo e eu, alto e magro, vencia a distância com facilidade. - arremesso de uma granada de 650 gramas à distância de 20 metros. Improvisei uma lata cheia de pedras e areia, pesando cerca de um quilo. Nesse caso, também levei vantagem. - levantar e transportar um homem de igual peso a uma distância de 100 metros – não lembro o tempo limite estipulado. Treinei com um saco de areia às costas, numa rua pouco movimentada, antigo leito de ferrovia, correndo cerca de 1 km, várias vezes ao dia. Não é uma prova fácil, pelo risco de desequilíbrio, queda e lesão. Realizei o teste físico com muita facilidade, resultado do preparo bruto e improvisado descrito.

 

O EXAME INTELECTUAL

Realizei o exame intelectual no antigo 3º Regimento de Infantaria (3º RI), sediado em São Gonçalo – RJ. Foram dois ou três dias de provas, não lembro bem. Para isso, fiquei hospedado na casa de amigos conterrâneos de Trajano de Morais, na Alameda São Boaventura, Bairro Fonseca, em Niterói – RJ. Eles me ensinaram quais ônibus tomar com destino ao local das provas. Não foi difícil. O primeiro levava até a área da Estação das Barcas, e o segundo até o 3º RI. Na véspera da primeira prova, fomos convidados para uma festinha “HIFI” na casa de umas moças. Festa tranquila, música romântica, boa companhia, bebida leve - Cuba Libre. Voltamos para casa aí pelas 23 horas e fui dormir, sem antes conferir os documentos. Minha ansiedade era zero, haja vista ter me preparado intensamente. Confiava que nada poderia dar errado. Meu único cuidado era não perder a hora. Então, saí bem mais cedo e cheguei ao 3º RI com boa antecedência. As provas foram realizadas no refeitório dos cabos e soldados – o conhecido rancho. Sentamos três candidatos de cada lado das mesas de pedra do refeitório. Distribuídos os cadernos de provas e os cartões para perfurar as respostas – tecnologia da época, feitas as recomendações de praxe, iniciamos a resolução. Percebi que o candidato sentado à minha frente olhava com muito interesse a minha prova. Não demorou muito até um militar, integrante da Comissão de Aplicação e Fiscalização (CAF) retirar o dito candidato do local, acusado de estar colando. Imaginei que o mesmo viesse a ocorrer comigo, afinal era de mim que colava, e eu poderia estar facilitando a ação ilícita. Porém, não fui incomodado. Ao término de cada prova, íamos verificar o gabarito afixado no portão do quartel. Foi ali, defronte ao gabarito, que conheci meu primeiro companheiro de turma da EsPCEx, o 067 Soares. Agora era esperar o resultado do exame intelectual, quando os aprovados e classificados seguiriam para as fases seguintes.

 

A INSPEÇÃO DE SAÚDE

Salvo falha de memória, a inspeção começou com um exame de Raio X, realizado numa clínica na cidade de Campinas, para onde fomos transportados em caminhões militares. Achei aquele deslocamento o máximo, pela beleza da cidade e por estar embarcado, pela primeira vez, numa viatura militar. Em seguida, já na enfermaria escolar, entrávamos em grupos de cerca de vinte candidatos, despidos e enfileirados numa parede. Na parede oposta, ficava uma tabela com letras de diferentes tamanhos, destinada a aferir a acuidade visual. Percebi que ali seria eliminado, por mal enxergar a tabela; as letras, então, nem pensar. E a equipe médica vinha examinando um a um, creio que de modo superficial, dada a rapidez com que se deslocava ao longo da fileira. Então ocorreu algo para o qual não encontro explicação lógica, racional. Foi a força divina, sobrenatural. O médico passou por mim como se eu não existisse, como se não me visse, e prosseguiu a inspeção com os demais candidatos, até o último daquele grupo. Pensei – “ele vai voltar”. Mas não voltou, e fui considerado apto. Esse foi o primeiro dos muitos livramentos com que Deus e meu Anjo da Guarda me brindaram ao longo da carreira.

Cel R1 José Marcos de Almeida Neves

Aluno 369 José Marcos de
Almeida NEVES
(1972-1974)
Aluno Neves.jpg

ZÉ MARCOS, UM PREPOSO

Ser militar não era para mim uma questão de vocação. Foi, na verdade, uma opção para o meu próprio sustento.

Na minha terra natal, Trajano de Morais, na região serrana Fluminense, eu tinha alguns amigos, um pouco mais velhos que eu, já formados sargentos especialistas da Aeronáutica, e eu ambicionava condição semelhante.

Em 1971, eu cursava eletrotécnica na Escola Técnica Federal de Campos - RJ, quando decidi me desligar para dedicar-me ao preparo para o concurso de admissão à Escola de Especialistas da Aeronáutica. Fui, então, levado à presença da diretora, Profa. Julia Codeço, companheira de magistério de minha mãe, a fim de justificar meu afastamento, felizmente aceito.

Ao sair da sala da diretora, fui abordado pelo Prof Navega que, sabedor do meu intento, convenceu-me das vantagens da carreira de oficial do Exército em relação à de graduado da Aeronáutica, e me entregou um exemplar do caderno de instruções do concurso à EsPCEx.

Meu preparo foi individual, na boa biblioteca do colégio onde fiz o ginasial. Logrei aprovação, classificado, salvo memória falha, em 52º lugar. Estava dentro. Destaco ter realizado as provas no antigo 3º RI - São Gonçalo, quando conheci o Soares, um dos sete aprovados naquela guarnição de exame.

A seguir, era preciso seguir as orientações da carta do Cmt EsPCEx aos candidatos aprovados. Assim, fui a Niterói adquirir alguns itens pessoais recomendados, bem como receber a passagem a que tinha direito para Campinas. No Forte Gragoatá, fui atendido por um major, cujo nome na camiseta branca não recordo, o qual, em tom arrogante, disse que ali não era rodoviária. Surpreso e assustado com a atitude inesperada daquele militar, decidi não criar caso e adquirir a passagem com meus próprios recursos. Até hoje lembro daquele major como um mau exemplo de militar.

Uma semana antes do prazo, cheguei à Prep acompanhado do meu saudoso pai. Fomos conduzidos à 2ª Cia de Alunos, onde nos recebeu o Ten Oziel, homem sisudo, mas muito educado. Meu pai retornou em seguida. Como estava próximo o horário do almoço, nós, candidatos, fomos conduzidos para a entreala do rancho.

Em forma na primeira fileira, fui abordado por um veterano de nome Luz, que ainda estava por lá em exame de segunda época. Perguntou-me se eu já havia conversado com alguém; respondi que com o Ten Oziel. Então ele me disse: “quando falar com mais alguém, dirão que és um m…”. Meu sangue ferveu com a ofensa e apliquei-lhe um empurrão no peito, que o lançou para trás. Nesse momento, interpôs-se um gigante, o oficial de dia, Ten Cav Dizioli, que me aplicou severa e sonora repreensão verbal.

Julguei que aquele homem brabo fosse um sargento. Cem por cento paisano, ignorante por completo da cultura castrense, para mim aquele grandalhão deveria ser um sargento. Acalmados, por hora, os ânimos, entramos para o refeitório, onde aguardamos de pé a ordem de nos sentarmos.

Notei que ao lado do meu prato faltava o garfo. Olhando em volta, vi aproximar-se o oficial de dia. Aproveitei para segurá-lo pelo braço e informar: “sargento, está faltando meu garfo”. Foi minha segunda confusão logo no primeiro dia.

Muitos anos depois, servi com o Cel Dizioli no antigo EMFA, e ele ainda lembrava daquele dia e das minhas bisonhices.

Amigos preposos, esse foi meu primeiro de muitos dias intensos que compartilhamos naqueles três anos marcantes em nossas vidas. É necessário voltar ao tema do primeiro parágrafo. Embora não percebesse antes, minha vocação militar despertou na Prep, solidificou-se até os dias de hoje e, com a graça de Deus, assim permanecerá. Creio ser dever de cada um contar suas vivências, como legado e ensinamentos para as gerações que nos sucedem.

Cel R1 José Marcos de Almeida Neves

Conheci a nossa Escola em 1973, quando cursava a 7ª Série, através de meu professor de matemática, o saudoso Professor René de Deus Vieira, cujo filho cursara a EsPCEx anteriormente.

Também recebi o apoio de meu patrão à época, o igualmente saudoso José Maia do Amaral, cujo filho também estudara na nossa "Prep".

A esses dois senhores iluminados dedico a minha carreira, de 1974 até o posto de Coronel de Infantaria. Passei para a Reserva em fevereiro de 2007, eternamente agradecido ao Exército Brasileiro.

À nossa "Prep" agradeço, em especial, pelos melhores e inesquecíveis anos de minha juventude, vividos a partir do momento em que ingressei nesta Escola, em 1974. Ali conheci e tive a honra de ombrear e conviver com meus IRMÃOS POR VOCAÇÃO por esses últimos 49 anos.

EsPCEx PARA SEMPRE!

Coronel R1 Adélio Sousa Martins

Aluno Adélio de Sousa Martins
(1974-1976)
Adélio de Sousa Martins.jpg
Aluno Elias do Brasil 503
(1973-1975)

A Dívida

 

Em 1971, eu vi pela primeira vez um “folder” da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas/SP. A nossa querida “Prep”. Sabedor do meu interesse pelo Exército, meu irmão mais velho colocou na minha mão aquele “papelzinho” de propaganda. Consegui me inscrever no Concurso no último dia e, ao final do ano, fui fazer a prova em Campinas.

Eu morava em Araçatuba, interior do Estado de São Paulo e a aproximadamente 500 quilômetros da “Prep”. Quando meu pai me deixou em frente ao portão da Guarda, eu fiquei extasiado. Uma maravilha! Até então eu tinha o desejo de entrar para o Exército, mesmo como recruta no “Tiro de Guerra” da minha cidade.

Para exemplificar o meu despreparo para fazer as provas, na prova de matemática eu preenchi apenas 15 das 50 questões. Tinha que marcar os espaços num cartão resposta de computador. O sargento que recolhia as provas no grande “Salão de Provas” olhou meu cartão parcialmente perfurado e perguntou por que eu não havia preenchido tudo. Respondi que não sabia as outras questões. Ele me olhou surpreso e me deixou ir. Eu não sabia quase nada da matéria.

Mas, aquela experiência permitiu que, motivado, eu estudasse o ano inteiro de 1972, eu e um amigo “do peito”, o Álvaro. Planejei o estudo de todos os dias, todas as semanas e de todos os meses até o dia das provas, em novembro de 1972. Estudamos como nunca, apoiado pelo pai e a mãe do Álvaro (Dona Netinha e o professor Álvaro Crespo), professores de matemática e português no Instituto de Educação Manoel Bento da Cruz, onde estudávamos.

Em setembro já havíamos “fechado” todas as matérias e passamos a nos dedicar mais ainda ao concurso. Ao final, três dias consecutivos no início de novembro foram suficientes para realizar as provas tão almejadas, na cidade de Bauru/SP.

Em janeiro de 1973 recebi um telegrama da “Prep” me dando a notícia da aprovação. Liguei para o Álvaro, mas ele não havia recebido. Só eu passei. Nem tive tempo de curtir a alegria. Meu parceiro não iria comigo. Mal sabia eu que alguns anos depois um acidente de carro o levaria para sempre.

Era época brava, não havia emprego, faltava dinheiro para o povão. Meus pais conseguiram comprar o enxoval obrigatório, entre as peças um pijama que rasguei na altura das costas logo na primeira semana. Eu não usava pijama para dormir em casa. Dentro de uma mala coloquei uma porção de roupas e material de higiene. Guardei ali um pouco de dinheiro dentro de uma meia.

As pernas tremiam quando entrei no portão principal. A imagem da torre do Corpo da Guarda, que jamais saiu da minha cabeça até aquele momento, agora estava incorporada para sempre na minha vida!

O Tenente Santos Lima, um mulato com óculos “fundo de garrafa” foi quem me recebeu no Posto de Comando (PC). Dei o meu nome e mostrei a identidade. Ele conferiu a lista de aprovados e eu estava lá. Eu suava frio de emoção e um certo medo. Tudo era novo e diferente.

“Muito bem, candidato. Agora falta pagar a taxa do restante do enxoval” – me disse o Tenente Santos Lima. Levei um susto! Não sabia que tinha que pagar alguma coisa. Puxei a carteira, mas não tinha quase nada. Aí me lembrei das economias dentro da mala. Coloquei a pequena mala em cima da mesa do tenente Santos Lima. “Candidato, tire essa “coisa” de cima da minha mesa. Que audácia!”.

Eu quase desmaiei de medo. Coloquei a mala no chão e sabe-se lá como consegui achar o dinheiro e dei tudo para ele, o que havia na carteira e na mala. Ele conferiu o dinheiro e disse: “Faltam vinte cinco cruzeiros (Cr$25,00)”. Comecei a gaguejar. O tenente Santos Lima me olhou por cima dos óculos, pegou a própria carteira no bolso e falou: “Vou pagar para você e leva mais 10 cruzeiros para você não ficar sem nada. No final do mês, quando você receber o seu soldo, você me paga”. Peguei o dinheiro e a mala e me retirei junto com um “obrigado, tenente”.

Ao final do mês, fui até o PC da 1ª Cia. e me apresentei ao tenente Santos Lima. Em seguida, estendi a mão e entreguei os trinta e cinco cruzeiros. Ele me olhou como se olha um irmão mais novo, pegou o dinheiro e guardou. Foi assim que aprendi a primeira lição de camaradagem e entendi por que estava entrando num Exército que jamais foi vencido. Sempre presente: “ADSUMUS!”

 

         Elias Do Brasil

Turma Santos Dumont – 1973-75

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Por acaso, encontrei o site do grupo e resolvi colocar no papel minhas lembranças da Prep.

Em primeiro lugar, como chefe da TADEC de atletismo, conseguimos formar uma plêiade de novos valores para o atletismo do Exército Brasileiro (jurênio, miudinho, omar e outros). Ganhamos as "NAE" de campinas duas vezes, perdemos a de Barbacena, para uma equipe forte da EPCAr, e fomos garfados na aventura de Angra dos Reis. Ninguém nunca me convenceu da anulação da vitória do Ignacio (ops General Ignacio), naquela prova dos 200 m rasos que estava sendo disputada pela primeira vez na competição.

Satisfação em participar do grupo.

Cândido Nunes da Silva Filho

Coronel R1

Aluno 128 Cândido
(1964-1966)
Aluno Ronaldo Fernandes Araujo
(1984-1986)

Saudações “prepianas”😃

Como muito de vocês, tive toda minha formação acadêmica feita em Escolas Públicas que ao longo de minha vida me deram ferramentas para contribuir, ainda que modestamente, para a construção de uma sociedade mais igualitária, justa, saudável e sustentável!

O divisor de águas foi a Escola Preparatória, nos anos de 1984, 1985 e 1986. Sou muito grato pela experiência.

Além da conhecida camaradagem, comum entre todas as nossas turmas, e graças aos professores da época, tive uma excelente formação acadêmica e isso me deu condições de naquele ano fazer vestibular para o ITA e a Unicamp. Fui aprovado no curso de Engenharia Civil, me formei pela Unicamp, fiz pós-graduação em Sistemas Aeronáuticos, Gestão de Projetos e Políticas Públicas na FGV, USP e Escola de Engenheiros Aeronáuticos de Madrid. Trabalho como civil no Governo Federal faz décadas….

Mas esse não é o tema!

A história que conto aqui é a de que, tamanha era a força de união entre os colegas de turma, força essa que jamais deve ser abalada…tamanha minha dúvida se ingressava numa escola de engenharia onde minha vaga já estava conquistada ou seguia na Aman para a carreira das armas…onde a força da união certamente me sustentaria nos dias difíceis….que não teve jeito: a decisão foi tomada por uma moeda, pelo cara-ou-coroa, na parte traseira de um ônibus que nos levava pela Rodovia Presidente Dutra, logo após a divisa de SP-RJ.

Com testemunhas que hoje são colegas de quase 40 anos, deixo a anedotária passagem. Como alguns momentos podem ser tão importantes na vida de alguém?

Saudações e Vida Longa e Eterna ao nosso Brasil e a nossa Escola.

Desejo felicidades pra todos.

Ronaldo Fernandes Nogueira de Araujo

O Privilégio de Sentir Gratidão

Décio Luís Schons (*)

No último dia 10 de dezembro tive a satisfação de entregar, em nome da Associação dos Ex-Alunos e Amigos da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, um singelo brinde ao Aluno Gasparotto, 1º colocado no curso da nossa amada Escola. Naquele momento, vieram-me à mente lembranças de 47 anos atrás – lembranças que não pude deixar de compartilhar com o Aluno homenageado.

 

Disse a ele que um dos momentos mais marcantes de minha vida profissional transcorrera no mesmo local, no dia 13 de dezembro de 1975, quando recebi das mãos do então Coronel José Maria de Toledo Camargo, Comandante da Escola, o diploma de conclusão do curso.

As condições atmosféricas daquele dia de 1975 eram diferentes das do último sábado. Uma garoa fina umedecia nossas túnicas e, ao abrir o diploma para mostrar-me o que nele havia escrito a mão, o Comandante percebeu que a tinta recebia alguns respingos. Ele me disse que iria mandar confeccionar um novo diploma, mas eu lhe pedi que mantivesse aquele mesmo, pois certamente a circunstância de as letras estarem um pouco borradas não as tornava ilegíveis. Além disso, a mensagem contida naquela frase já estava gravada em minha memória, da mesma forma que as lições e os exemplos por ele inculcados em nós durante os dois anos em que estivemos sob seu comando.

Quando cheguei em casa, de retorno da cerimônia, fui revirar os guardados em busca do velho diploma. Finalmente o encontrei. As letras estão muito pouco borradas, quase não dá para perceber que aquela pequena folha de papel esteve sob chuva, por um minuto ou dois, 47 anos atrás.

Os anos passaram, quase sem que déssemos por isso. Muitas pessoas que influenciaram de forma decisiva nossas vidas, inclusive o nosso velho Comandante, já se foram de volta à Pátria Espiritual. O que não passa e não passará são os exemplos de vida e os ensinamentos que eles nos deixaram – desde que, de nosso lado, tenhamos o cuidado de repassá-los adiante de forma eficaz, para que não se esgotem em nós. Assim faremos a nossa parte no ciclo que se repete, no revezamento das gerações, na transmissão dos princípios que regem de forma permanente a nossa Instituição.

Não me considero um saudosista nem gosto de viver do passado, pois acredito no futuro e no muito que nos cabe ainda realizar nesta breve passagem pelo planeta. Isso não significa que devamos esquecer aqueles momentos e aquelas pessoas que emprestaram um significado especial às nossas existências. E, acima de tudo, que não devamos agradecer todos os dias o muito que temos recebido ao longo de todos esses anos. Afinal, a capacidade de sentir gratidão é o maior de todos os privilégios.

 

(*) General de Exército na Reserva, é o Presidente da AEsPCEx

Aluno 248 Schons
(1973-1975)

Conte-nos como foi a sua experiência na caserna. Deixe registrado aqui aqueles momentos que todos gostam de recordar!

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